1040
| <![CDATA[<body lang=PT-BR style='tab-interval:35.4pt'>
<div class=WordSection1>
<p class=MsoNormal style='text-align:justify'><span style='font-size:14.0pt;
line-height:107%'>Nas rodas de conversa muitas vezes surge a pergunta: - Quem é
o "verdadeiro" fundador de Amparo? Essa pergunta, que pode ficar sem resposta,
serve de argumento para este breve artigo.<o:p></o:p></span></p>
<p class=MsoNormal style='text-align:justify'><span style='font-size:14.0pt;
line-height:107%'>Às vezes a resposta vem com muita facilidade porque está se
falando de cidades planejadas, com fundação ou data de inauguração marcada.
Mas, na maioria das vezes, as cidades não foram planejadas na prancheta.
Nasceram, não se sabe bem como. Pode-se considerar, para essas cidades, sempre
duas "fundações": uma institucional, que é aquela que a cidade considera como
um marco: a celebração da primeira missa, a elevação à capela curada, a
inauguração de uma determinada capela, a doação de um patrimônio para um
determinado fim. A partir dessa data instituída, comemora-se o aniversário da
cidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class=MsoNormal style='text-align:justify'><span style='font-size:14.0pt;
line-height:107%'>A outra fundação é a "real", aquela que se perde no tempo,
sempre anterior à fundação institucional, envolta em névoas que nem sempre se
consegue penetrar. Talvez nunca se venha saber quais foram os primeiros
moradores de um determinado povoado, muito menos suas intenções quando se
estabeleceram. Às vezes faz-se investigações em torno dos motivos do nascimento
de uma povoação e eles levam a pensar em caminhos, em pousos intermediários
entre grandes distâncias, em recursos, como qualidade climática, ou do terreno
para determinada lavoura, em minérios, cuja raridade frequentemente leva ao
enriquecimento rápido, em refúgios e esconderijos.<o:p></o:p></span></p>
<p class=MsoNormal style='text-align:justify'><span style='font-size:14.0pt;
line-height:107%'>Pode-se afirmar que Amparo é uma dessas cidades cuja
"fundação real" está perdida em algum passado mais distante que aquele
institucionalizado como o do nascimento: 8 de abril de 1829 - data da elevação
à Capela Curada de Nossa Senhora do Amparo.<o:p></o:p></span></p>
<p class=MsoNormal style='text-align:justify'><span style='font-size:14.0pt;
line-height:107%'>Nasceu na beira de caminhos que cortavam a região desde o
século 18. Um deles ligava Bragança, emancipada de Atibaia em 1797, a Mogi
Mirim que, em 1770, já tinha a sua Câmara Municipal funcionando regularmente. O
outro, colocava em contato o Sul de Minas, onde o ouro fora descoberto por
volta de 1750 (Ouro Fino) e a região de Campinas, às margens da antiga Estrada
Geral, mais conhecida como São Paulo - Goiás, caminho aberto pelo bandeirante
Bartolomeu Bueno da Silva, o moço, por volta de 1720. Essas quatro datas, de
certa forma "cercam" a região onde está Amparo.<o:p></o:p></span></p>
<p class=MsoNormal style='text-align:justify'><span style='font-size:14.0pt;
line-height:107%'>Mas, a esses dados, pode-se acrescentar a chegada, em 1765, do
morgado de Mateus, D. Luís Antônio de Souza Botelho Mourão, para governar São
Paulo. Seu governo iria influenciar o uso de parte das terras do atual
município de Amparo. O morgado iria, entre outras medidas, incentivar, além da
fundação de cidades, da criação de fortificações nas fronteiras com os
territórios dominados pelos espanhóis, o plantio de cana o interior paulista,
com vista à exploração de açúcar.<o:p></o:p></span></p>
<p class=MsoNormal style='text-align:justify'><span style='font-size:14.0pt;
line-height:107%'>Sabe-se que dessa época, ao início do século 19, muitos
engenhos funcionaram nesse território que ficou conhecido como "polígono do
Açúcar Paulista", em cujos vértices estavam Jundiaí, Itu, Piracicaba e Mogi
Mirim.<o:p></o:p></span></p>
<p class=MsoNormal style='text-align:justify'><span style='font-size:14.0pt;
line-height:107%'>Em Mogi Mirim funcionou, durante um bom tempo, o Engenho do
Pirapitingui, cujas terras tinham sido doadas pela coroa portuguesa a diversos sesmeiros,
entre eles Antônio da Cunha Lobo. Faziam frente para a estrada São Paulo -
Goiás e tinham como fundo as encostas da Serra Negra onde, hoje, está situada a
fazenda Fortaleza do Rumo.<o:p></o:p></span></p>
<p class=MsoNormal style='text-align:justify'><span style='font-size:14.0pt;
line-height:107%'>As terras do Engenho do Pirapitingui foram retalhadas e
vendidas depois da morte de Antônio da Cunha Lobo. Um dos compradores foi, em
1817, o alferes Jacinto José de Araújo Cintra, morador de Atibaia. Não se sabe
ao certo o tamanho dessa propriedade mas, nos dias de hoje, suas terras
estariam encravadas nos municípios de Santo Antônio de Posse, Itapira, Amparo e
Serra Negra. O alferes Jacinto teve sua sede onde, hoje, situa-se a fazenda
Engenho das Palmeiras.<o:p></o:p></span></p>
<p class=MsoNormal style='text-align:justify'><span style='font-size:14.0pt;
line-height:107%'>Quem conhece a geografia física do município de Amparo sabe
que essas terras estão na parte onde a topografia é mais branda, para além da
serra dos Feixos, onde o terreno é mais ondulado e menos montanhoso, terrenos
que, no passado, pertenceram a Mogi Mirim.<o:p></o:p></span></p>
<p class=MsoNormal style='text-align:justify'><span style='font-size:14.0pt;
line-height:107%'>Contendas que se iniciaram no século 19 e terminaram no
século 20 definiram, de uma vez por todas, as divisas, já, nessa ocasião, entre
Amparo e Mogi Mirim. Incorporaram, no município amparense, as terras dos
bairros do Brumado, do Pantaleão e dos Silveiras.<o:p></o:p></span></p>
<p class=MsoNormal style='text-align:justify'><span style='font-size:14.0pt;
line-height:107%'>Se, do lado menos acidentado dos terrenos, foram se
estabelecendo osa engenhos de cana de açúcar, na região mais acidentada
estabeleceram-se produtores de gêneros de subsistência e criadores de pequenos
animais.<o:p></o:p></span></p>
<p class=MsoNormal style='text-align:justify'><span style='font-size:14.0pt;
line-height:107%'>Cabe lembrar que, no final do século 18 e início do século
19, os terrenos menos acidentados, que estão para além da serra dos Feixos,
pertenciam a Mogi Mirim e aqueles mais acidentados pertenciam a Bragança.<o:p></o:p></span></p>
<p class=MsoNormal style='text-align:justify'><span style='font-size:14.0pt;
line-height:107%'>Em algum momento do passado, provavelmente no final do século
18, essa gente que estava estabelecida tanto de um lado quanto do outro da
serra dos Feixos, participou, de alguma forma, da criação de um pequeno núcleo
de povoamento à beira do rio Camandocaia e dos caminhos que ligavam o Sul de
Minas à região de Campinas e, também, Bragança a Mogi Mirim.<o:p></o:p></span></p>
<p class=MsoNormal style='text-align:justify'><span style='font-size:14.0pt;
line-height:107%'>Quando falamos desse momento histórico, estamos nos referindo
à "fundação real", a um momento real onde tudo aconteceu. Dele, entretanto,
nada sabemos. Fica claro, assim, a dificuldade de se identificar "verdadeiros"
fundadores.<o:p></o:p></span></p>
<p class=MsoNormal style='text-align:justify'><span style='font-size:14.0pt;
line-height:107%'>Quando nos voltamos para a data de 8 de abril de 1829, a
partir da qual se conta oficialmente a idade de Amparo, temos que levar em
conta que essa é a data da expedição da Provisão de Elevação da Capela Curada
de Nossa Senhora do Amparo, uma espécie de certidão de nascimento da cidade, ou
seja, a sua fundação institucional. Não nos esqueçamos, entretanto, que o
nascimento sempre antecede à certidão.<o:p></o:p></span></p>
<p class=MsoNormal style='text-align:justify'><span style='font-size:14.0pt;
line-height:107%'>Pensar assim é ter que conviver com o incerto, com o
desconhecido, com o relativo, mas temos que nos contentar com isso, pelo menos
por enquanto. Isso é o que o conhecimento atual nos revela.<o:p></o:p></span></p>
<p class=MsoNormal style='text-align:justify'><span style='font-size:14.0pt;
line-height:107%'><o:p> ;</o:p></span></p>
</div>
</body>]]>
|