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| <![CDATA[<p style="text-align:justify"><strong>Por Lauro Portela</strong></p>]]>
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| <![CDATA[<p style="text-align:justify">Em fins da década de 1930, sob o Estado Novo (1937-1945), Mato Grosso, Centro-Oeste do Brasil, foi designado como um dos alvos de um conjunto de políticas de reordenamento da ocupação do espaço com incentivos à migração, cuja intenção era aproximar litoral (moderno e civilizado) do “sertão” (provinciano, atrasado, incivilizado). Este conjunto de políticas, lançados em 1938, foram denominadas “Marcha para o Oeste”.</p>]]>
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| <![CDATA[<p style="text-align:justify">Dentro do projeto de cunho modernizador, Cuiabá, assim como a recém-inaugurada Goiânia-GO, teria um papel estratégico neste processo de civilizar o interior. Caberia à Cidade Verde o papel de “Portal da Amazônia”. No caso do urbanismo, significava transformar a paisagem urbana de modo a tornar a cidade em um espaço pedagógico para a formação deste cidadão desejado pela ideologia estadonovista. Desta maneira, as obras oficiais reorganizaram o espaço urbano cuiabano, buscando abandonar as arquiteturas colonial (barroca), do Império e Primeira República (neoclássica) em prol da arquitetura moderna (sobremaneira o <em>Art déco</em>).</p>]]>
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| <![CDATA[<p style="text-align:justify">Na capital mato-grossense, o estilo <em>Art déco </em>(abreviação do francês <em>arts décoratifs</em>) salta aos olhos em construções datadas das décadas de 1930 e 1940, sobretudo porque foi o estilo preponderante nas chamadas “Obras Oficiais” – com exceção da Residência dos Governadores, em estilo neocolonial californiano, e da Maternidade de Cuiabá, em neocolonial. Estas foram contratadas pelo então interventor federal Júlio Strübing Müller à empresa carioca “Coimbra Bueno”.</p>]]>
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| <![CDATA[<p style="text-align:justify">As obras se concentraram no Primeiro Distrito, ou Distrito da Sé, no atual Centro, e Segundo Distrito, no Porto. Mas também no Terceiro Distrito, atual Várzea Grande e na Serra de São Vicente. A maior parte na Sé, num eixo viário aberto para abrigar a administração Pública. Assim, a antiga Rua Poconé deu lugar à novíssima Avenida Getúlio Vargas, feita de pavimento rígido que dura até hoje. Na nova via foram construídos o Grande Hotel (que já serviu como sede do BEMAT e, depois, da Secretaria de Estado de Cultura), o Cine-Teatro Cuiabá, a Secretaria Geral (que concentrava todos órgãos da administração do Executivo estadual, depois passou à Secretaria de Estado de Educação, atualmente é a sede da Superintendência de Arquivo Público), o Palácio da Justiça (que já foi a segunda sede da Assembleia Legislativa de Mato Grosso), o Colégio Estadual (que voltou a ser nomeado Liceu Cuiabano em fins dos anos 1970), a Estação de Tratamento de Água (embora fora da avenida, ainda assim sendo acessada por ela). Distante da mancha urbana, às margens do rio Cuiabá, de frente para a Passagem da Conceição (atualmente, distrito de Várzea Grande), foi construída uma Estação Elevatória de Água. O prédio do 16.º Batalhão de Caçadores, embora seja uma construção federal, foi inaugurado no mesmo período, mas possui linhas neobarrocas com um estilo arquitetônico comum às construções militares conhecido como “Calógeras”.</p>]]>
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| <![CDATA[<p style="text-align:justify">Fora do novo eixo, mas no antigo Caminho do Porto (na esquina das ruas “13 de Junho” com a “Dom Bosco”), o Centro de Saúde.</p>]]>
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| <![CDATA[<p style="text-align:justify">No Segundo Distrito, a Maternidade de Cuiabá, situada na antiga Travessa da Constituição (atual Rua “Tenente Thogo da Silva Pereira”) esquina com a Rua “13 de Junho”. Após ampliação, deu lugar ao Hospital Geral, hoje Hospital Geral Universitário.</p>]]>
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186
| <![CDATA[<p style="text-align:justify">Além da instituição de saúde, a Ponte “Bacharel Júlio Müller” com seus arcos característicos e um vão para permitir a passagem de embarcações. Esta ponte, a primeira sobre o rio Cuiabá, foi essencial para a comunicação dos dois primeiros distritos com seu terceiro, substituindo a Balsa Pêndulo como meio da travessia entre as duas margens.</p>]]>
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| <![CDATA[<p style="text-align:justify">No Terceiro Distrito, a Usina de Pasteurização e o Pavilhão de Exposição Agropecuária, provavelmente no terreno do antigo Campo de Demonstração, onde hoje é a Alameda Júlio Müller.</p>]]>
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| <![CDATA[<p style="text-align:justify">Finalmente, distante da capital, o Parque Estadual de Águas Quentes, na Serra de São Vicente, hoje Município de Santo Antônio de Leverger.</p>]]>
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| <![CDATA[<p style="text-align:justify">As “Obras Oficiais” marcaram época não só pelo estilo arquitetônico característico preponderante, o <em>Art déco</em>, mas pelas festas de inauguração, animando a população cuiabana, principalmente com a visita oficial do presidente Getúlio Vargas, em agosto de 1941. Foi a primeira vez que um chefe de Estado do Brasil visitou Cuiabá. O evento teve forte simbolismo: a então “moderna” Cuiabá tinha direito a continuar sendo a capital dos mato-grossenses, desbancando Campo Grande das suas pretensões políticas; os trabalhadores locais, que foram arregimentados para os canteiros das obras modernizadoras, e depois os demais trabalhadores urbanos, tiveram acesso ao novo documento do trabalhador: a Carteira de Trabalho. Sobre este último ponto, não é à toa que o presidente, criador do documento, dirigiu-se improvisadamente aos trabalhadores em agradecimento à parada trabalhista que se realizou.</p>]]>
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| <![CDATA[<p style="text-align:justify"> ;</p>]]>
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| <![CDATA[<p style="text-align:justify"><strong>Referências:</strong></p>]]>
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| <![CDATA[<p style="text-align:justify">ARRUDA, Lidiana Laura Campos Borralho de. <em>Escola de Auxiliar de Enfermagem Dr. Mário Corrêa da Costa:</em> a profissionalização da enfermagem em Mato Grosso (1952-1975). 2012, 116f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Cuiabá.</p>]]>
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200
| <![CDATA[<p style="text-align:justify">BERTOLINI, Carlos Américo. A visita de Getúlio Vargas à Cuiabá: júbilo cívico e culto à personalidade. Cuiabá, <em>Revista UNICIÊNCIAS</em>, v. 4, n. 1, 2000, p. 131-143.</p>]]>
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202
| <![CDATA[<p style="text-align:justify">BUZATO, Gino Francisco. <em>Transformações urbanas em Cuiabá e a formação do cidadão moderno (1937-1945)</em>. 2017, 140f. Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação, Cuiabá.</p>]]>
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204
| <![CDATA[<p style="text-align:justify">CASTOR, Ricardo Silveira. <em>Arquitetura Moderna em Mato Grosso:</em> diálogos, contrastes e conflitos. 2013, 456 f. Tese (Doutorado em História e Fundamentos da Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, São Paulo.</p>]]>
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206
| <![CDATA[<p style="text-align:justify"> ;</p>]]>
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