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| <![CDATA[<p style="text-align:justify"><strong>Por Lauro Portela e Angelo Carlini</strong></p>]]>
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| <![CDATA[<p style="text-align:justify">O processo de constituição da área urbana de Cuiabá se dá em torno da atividade de mineração. Foi da descoberta de ouro no córrego da Prainha, o <em>ikuiêbo</em> (córrego das estrelas) para os povos Boé, em 1722, que a colonização se tornou possível. As extrações do ouro de aluvião se concentraram no pé do Morro do Rosário, onde hoje está a Igreja do Rosário, no chamado “tanque do Arnesto”.</p>]]>
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| <![CDATA[<p style="text-align:justify">Primeiro um pequeno arraial, cuja concentração populacional se direcionou mais para a margem direita do pequeno ribeirão, que para a esquerda. É provável que a geografia da região explique essa predileção. À direita há uma elevação suave de terreno; enquanto que, à esquerda, o ângulo mais abrupto dos morros do Rosário, Antônio Pires de Campos (antigo “Lavras do Sutil”) e do Seminário (onde está a atual Igreja do Bom Despacho).</p>]]>
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| <![CDATA[<p style="text-align:justify">Assim, avançando a partir da margem direita, em local alto com a frente voltada para a Prainha e entre dois afluentes – um na atual Generoso Ponce e Praça Ipiranga (antiga Marques de Aracaty), chamado Cruz das Almas e também Cacimba de Soldados (na altura da atual Praça “Rachid Jaudy”); outro, ribeiro da Mandioca, na atual Voluntários da Pátria (anteriormente Travessa da Alegria) – foi erguida a Igreja do Bom Jesus, em fins de 1722, por obra de Jacinto Barbosa Lopes.</p>]]>
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| <![CDATA[<p style="text-align:justify">Do templo, como ponto de referência: a Rua de Cima (atual Rua “Pedro Celestino”), onde ficava o Largo Real (atual Praça “Alencastro”); Rua Formosa (atual Rua “Joaquim Murtinho”); Rua da Matriz ou da Sé (atual Rua “Antônio Maria”) e, a Rua de Baixo (atual Calçadão da Rua “Professor Galdino Pimentel”), em cuja bifurcação, antiga Rua do Oratório (atual “7 de Setembro”), foi erigida a Igreja Senhor dos Passos; além da Rua Nova do Meio (hoje Calçadão da Rua “Engenheiro Ricardo Franco”); a Rua Nova de Cima (depois Rua Linda do Campo, ou apenas Rua do Campo, hoje, Rua “Barão de Melgaço”).</p>]]>
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| <![CDATA[<p style="text-align:justify">Em 1723, o arraial é elevado a freguesia (uma comarca eclesiástica), e a Igreja se torna Matriz. No seu adro, ou Largo da Matriz (atual Praça da República), serão construídas: a primeira Cadeia, depois a Casa-da-Câmara e Cadeia, a casa de residência do governador de São Paulo Rodrigo César de Meneses (que veio para fundar a Vila Real do Senhor Bom Jesus do Cuiabá, em 1727, e, consequentemente, instalar o Pelourinho), a casa do Ouvidor (no terreno onde está a sede dos Correios e Telégrafos, que, em fins do século XIX e início do século XX, abrigou o Liceu Cuiabano). Da Rua dos Araés para cima, salpicavam as casas da população. Por volta de 1810, nesta região foi construída a Igreja Nossa Senhora da Boa Morte, obra de uma irmandade de homens pardos. À beira do Prainha, o Largo “Cruz das Almas” (nome devido às execuções por enforcamento dos condenados pela justiça, que ali ocorriam e que também nomeou o córrego que ali desaguava) recebia as monções que subiam a Prainha, na época das cheias, se constituindo como um dos primeiros locais de feira livre da vila devido a esta facilidade de acesso. Este Largo, no século XIX, passou a se chamar “Praça Marquês de Aracaty” e, mais tarde “Praça Ipiranga”. O aterramento do “Cruz das Almas” e a redução das águas da Prainha, permitem o ajardinamento do Largo. A feira passa a ser realizada num prédio em seu entorno (que depois funcionará, no séc. XIX, como quartel da Guarda Nacional, depois Enfermaria, Liceu Cuiabano, Quartel da Força Pública, já fins deste século; Imprensa Oficial, em meados do séc. XX, e, atualmente, é o “Ganha Tempo”). Em 1882, o governo provincial mandou instalar chafarizes em diversas praças da capital, dentre elas, a Praça Ipiranga, e, em 1930, ela recebe o coreto até então instalado na Praça Alencastro.</p>]]>
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| <![CDATA[<p style="text-align:justify">Na margem esquerda, a Capela, depois Igreja do Rosário, e a Capela dedicada à Nossa Senhora do Bom Despacho, ambas no topo dos morrinhos. Nas fraldas, entre um e outro, o Mundéu, que também nomeava um bairro, e um Quartel. Só no século XIX, em 1816, o Hospital “São João dos Lázaros” (no bairro Araés), em 1819, seria construída a Santa Casa de Misericórdia e, em 1858, o Seminário da Conceição.</p>]]>
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| <![CDATA[<p style="text-align:justify">Ligavam uma margem a outra as pontes do “Açougue”, do “Rosário” e do “Mundéu”. Até a cobertura do córrego, concluída no início dos anos 1980, pontes continuariam fazendo essa ligação viária. Os dois distritos originários se comunicavam pelos “Caminhos do Porto”, hoje as Ruas “13 de Junho” e a “XV de Novembro”. A Vila Real se ligou sempre ao mundo via fluvial, cuja porta de entrada era o Porto, primeiramente via rota das monções (depois via linhas de navegação na bacia Platina, alcançando Corumbá, Assunção, Buenos Aires e Montevidéu antes do acesso ao Atlântico), e, a partir de 1737, o Caminho de Goiás, cujo traçado foi sobreposto pela BR-070, de onde chegou a pé o gado vindo da Bahia.</p>]]>
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| <![CDATA[<p style="text-align:justify">Este núcleo original de espacialização colonial foi fundamental tanto como “antemural” das colônias portuguesas na América, quanto como para constituição do que viria ser o território da Capitania de Mato Grosso (atuais Mato Grosso, Rondônia e Mato Grosso do Sul), criada em maio de 1748.</p>]]>
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| <![CDATA[<p style="text-align:justify"> ;</p>]]>
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| <![CDATA[<p style="text-align:justify"><strong>Referências</strong></p>]]>
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| <![CDATA[<p style="text-align:justify">MEIRA, Soely Maria de. <em>Patrimônio e Escola:</em> o Centro Histórico de Cuiabá e as práticas educativas no ensino de história. 2018, 166f. Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino de História em Rede Nacional) – Programa de Pós-Graduação Profissional em Ensino de História da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Cuiabá.</p>]]>
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| <![CDATA[<p style="text-align:justify">PRESOTTI, Thereza Martha Borges. <em>Nas trilhas das águas. Índios e Natureza na conquista colonial do centro da América do Sul:</em> Sertões e Minas do Cuiabá e Mato Grosso (século XVIII). 2008, 270f. Tese (Doutorado em História) – Programa de Pós-Graduação em História, Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB), Brasília.</p>]]>
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198
| <![CDATA[<p style="text-align:justify">ROCHA, Maria Aparecida Borges de Barros. <em>Atitudes diante da morte em Cuiabá – 1860 a 1926:</em> A guerra, a doença e a secularização dos cemitérios da cidade. 2013, 285f. Tese (Doutorado em História) - Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiânia.</p>]]>
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200
| <![CDATA[<p style="text-align:justify">ROSA. Carlos Alberto. O urbano colonial na terra da conquista. In ROSA, Carlos Alberto Rosa & JESUS, Nauk Maria de (orgs.). <em>A terra da conquista</em> - História de Mato Grosso colonial. Cuiabá, Ed. Adriane, 2003, p. 11-64.</p>]]>
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202
| <![CDATA[<p style="text-align:justify">SIQUEIRA, Elizabeth Madureira<em>. História de Mato Grosso:</em> Da ancestralidade aos dias atuais. Cuiabá: Entrelinhas, 2002.</p>]]>
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204
| <![CDATA[<p style="text-align:justify">VOLPATO, Luiza Rios Ricci. <em>A conquista da terra no universo da pobreza:</em> formação da fronteira oeste do Brasil (1719-1819). São Paulo: Hucitec, 1987.</p>]]>
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